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https://hdl.handle.net/10405/1225
Author(s): | Secção Secretário, 1836-1911 Sub-secção Secretaria, 1836-1911 Sub-sub-secção Alunos e Pensionistas |
Title: | Henrique César Araújo Pousão |
Issue Date: | 1872-1878 |
Description: | Nível: Documento/Processo |
Provenance: | História biográfica:
POUSÃO (HENRIQUE) (HENRIQUE CÉSAR DE ARAÚJO POUSÃO) – GRANDE PINTOR ALENTEJANO DO SÉCULO XIX (1859-1884), nascido em Vila Viçosa, discípulo de Tadeu de Almeida Furtado e João Correia no Porto, em cuja Academia de Belas-Artes recebeu a sua formação artística, e, depois, de Cabanel e Yvon em Paris, para onde foi em 1880 como pensionista do Estado, após renhido concurso em que se superiorizou a António Ramalho. A sua débil saúde obrigou-o a procurar um mais suave clima no Sul da França, em Puy-de-Dôme (1881) e depois na Itália (1882-1883), havendo percorrido Turim, Florença, Pisa, Roma, Nápoles e tendo-se demorado em Cápri, a ilha azul do Mediterrâneo, de cuja beleza e de cuja luz de bruxedo se deixou enamorar. Ferido de morte pela doença de peito, veio acabar os seus dias, com 25 anos só, na terra alentejana que lhe fora berço. Este moço pintor, tão cedo desaparecido, foi um dos criadores do impressionismo na Europa e o seu precursor e introdutor em Portugal. Como o acentua Abel Salazar, Pousão, numa pequena pintura de 1875-76, que representa a sua casinha de Barcelos, mostra-se impressionista antes dos impressionistas, cujas primeiras exposições em Paris datam da mesma época e que, portanto, não podia conhecer. Só em 1877 chegam ao Porto trabalhos de Marques de Oliveira já tocados de impressionismo e o seu «Filho pródigo», que teria influenciado a prova final de Pousão na Academia Portuense, «Dafné e Cloé», classificada com 18 valores. Querem alguns ver influências de Silva Porto e Marques de Oliveira no impressionismo já alvorecente dos ensaios pictóricos de Pousão anteriores à sua abalada para Paris, mas a data da sua já referida pintura dos 17 anos desmente tais suposições e mostra que Pousão trazia o impressionismo no sangue. Nesse aspecto, haveria, aliás, de recuar para além dos primeiros rasgos impressionistas dos seus dois ilustres primogénitos. Na sua rápida passagem por Paris, onde frequentou as oficinas dos mestres tradicionais e onde o impressionismo nascente era ridicularizado pela crítica, poucos ou nenhuns contactos deveria ter tido com essa nova corrente da arte. E assim é que o impressionismo das suas telas de Nápoles e Cápri nos surge bem diverso do dos pintores parisienses de então e pleno de originalidade e seiva. Como o escrevemos algures, «nas suas paisagens italianas, ensaiou já, não como tentativa indecisa, mas com a segurança dum mestre, a análise da luz e a sua consequência natural, a decomposição das cores, pintando por manchas multicores que parecem informes à primeira vista, mas que, olhadas a distância, se resolvem em formas definidas, palpitantes
de luminosidade e cromatismo, como que fundidas na própria atmosfera. E, apesar desta primazia da luz natural, a estrutura das obras de Pousão é sempre sólida, o desenho impecável, perfeita a justeza dos valores». Quer dizer: o jovem artista soube conjugar a solidez da sua formação escolar com as audácias revolucionárias do impressionismo nascente. Como o escreveu mais tarde lapidarmente Abel Salazar, «Pousão não dissolve o objecto na vibração luminosa, não o dilui na atmosfera: apenas faz vibrar diante do objecto o écran luminoso. Na sua impressão, a matéria (qualidade) e a luz estão doseadas por forma tal, que a luz apenas fluidifica a matéria, sem a dissolver. Por outro lado, a velocidade da impressão óptica é moderada; não cabe assim na vertigem alucinatória das impressões ultra-rápidas. O estático e o que flui combinam-se na impressão de Pousão por forma tal, que a fluência domina, sem que o estático desapareça. Este equilíbrio representa, segundo creio, uma das mais sólidas intuições do artista e uma das qualidades que dão carácter mais perdurável à sua obra. Desta maneira, o artista não se deixou arrastar para exageros' brilhantes mas instáveis, no género, por exemplo, da pirotécnica fulgurante das catedrais de Manet». O mesmo penetrante crítico já escrevera de Pousão, em 1934, quando ele era quase desconhecido, num arroubo de entusiasmo de que, mais tarde, se não mostrou arrependido: «Se não atinge a elevação espiritual de Whistler, é superior a Monet, a Sisley e a Pizarro. Mais luminoso e harmónico do que Monet, mais forte do que Sisley, incomparavelmente superior a Pissarro, o seu lugar é na primeira fila dos mestres desta escola». Por sua vez, Joaquim Madureira (Brás Burity) proclamou: «Henrique Pousão podia ter destruído aos vinte e cinco anos, antes de morrer, toda a sua pequena bagagem de pintor: mas, se dela houvesse escapado, por milagre, o «Retrato da Irmã» com os seus negros, o «Quintal da casa de Vila Viçosa» com os seus brancos, a «Impressão de Roma» com as suas águas - só com essas três pequeninas jóias de beleza, de técnica e de perfeição, um expoente sintético da escola impressionista de Monet, em breve e luminoso resumo de toda a obra pictórica de Renoir, Degas e Sisley - Henrique Pousão seria assim mesmo, e só por isso um dos grandes impressionistas de todo o Mundo, um grande paisagista de toda a parte e um dos grandes mestres entre os mestres pintores de Portugal». Bibliografia - Pamplona, Fernando de - Dicionário de pintores e escultores: portugueses ou que trabalharam em Portugal. 2ªed. Barcelos: Civilização Editora, 1987 |
Subject: | Pousão, Henrique César de Araújo, 1859-1884--[Processo individual] Aluno--[Processo individual]--1837-1911 Academia Portuense de Belas Artes--[Processo individual]--1837-1911 |
Other Identifiers: | PT/APBA/F1-4/02 |
Call Number: | 288 |
Series: | [Processos individuais de alunos] |
Document Link: | http://hdl.handle.net/10405/1236 |
Document Type: | Processo individual aluno |
Rights: | Contém marca d'água Acesso livre |
Appears in Collections: | BDArq - Processos |
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